domingo, 22 de dezembro de 2013

Facebook e a necessidade de todos serem bons!


Estudando sobre as interações sociais e pesquisa etnográfica para o próximo artigo, me deparei com uma enorme quantidade de perfis fakes me pedindo pra adicionar nos grupos de discussão dos quais sou moderadora na rede social facebook e quando questionados sobre o porque entrar como fakes e não com o perfil verdadeiro responderam “prefiro não me identificar, tenho pessoas do trabalho e familiares aqui” e isso me chamou muito a atenção. Fiquei então por um tempo observando as postagens, de inclusive pessoas que me são próximas e pensei aquela frase cliche “Quem não te conhece que te compre”, frase muito verdadeira. Falamos mal dos nossos amigos, familiares, trabalho, namorados, amantes, governo e etc para quem quiser ouvir, na mesa do bar, com os parentes em casa, no churrasco, nas reuniões e em outros lugares, mas no facebook todo mundo compartilha, “vamos doar carinho”, “Pra vc minha amiga” aquela, que você falou mal pra fulaninha a uma semana atrás, lembra? O facebook tornou-se aquela baladinha fútil onde fazemos questão de mostrar para o mundo o que não somos, onde só podemos compartilhar coisas bonitas, porque o bonito é socialmente aceito, ahh, claro, não me esquecendo, tem aqueles que tem o perfil e dizem assim “eu não posto nada e nem curto nada porque não quero me expor”, como forma de nao interagir com o mundo porém, a mesma já é uma escolha e não o torna irresponsável, até ocupar o “não quero me envolver” traz responsabilidades. Eu nunca entendi o porque das pessoas terem essa necessidade de quererem ser boas, Nietzsche em seu livro “Para alem do bem e do mal” discute amplamente sobre isso, o bem e o mal sao caracteristicas humanas, por que deixar o bem aparecer em detrimento do mal? Por que devemos extirpar de nós o mal como se ele não nos pertencesse? Isso vai contra a natureza humana, dizer que o bem leva vantagem sobre o mal é moral, pensar fenomenologicamente não é dar valor a um em detrimento do outro, é sim, integrar as duas polaridades dando a ambas, seu valor. Desconfio de quem profetiza muita bondade por ai, quem ama todo mundo, isso é contra o Humano, não temos ainda, evolução espiritual para amar o mundo todo e é ai eu me deparo com a “hipocrisia virtual” pessoas compartilhando mensagens de bom dia esqueça seus problemas quando na verdade, não passa de meros compartilhamentos sem sentido, um mostrar para os outros como somos bons enquanto aquele post la de “Eu odeio minha família” nem nos atrevemos a curtir porque se um parente seu te favoritou já era, isso sem falar também dos mimimis, faz jus aquela frase que sempre roda ao menos pela minha tl “você joga o milho e vem mil galinhas comer” se doendo porque se sentem o centro do universo achando que as indiretas são pra elas e que as vezes nem são indiretas, ou as lindas frases de amor e o mais triste, postagens de casais fingindo serem felizes quando na verdade possuem o namoro ou casamento mais morno do mundo, mas estão lá, sempre com aquele sorriso falso no rosto porque para a sociedade é isso que importa e acessando a cada dia mais, essas redes com perfis fakes, para falar autenticamente de si porque se se mostrarem, principalmente em ambiente de trabalho, nossa, esse nem comento, nesse é que todo mundo ama seu chefe, está tudo direito, problemas? “sempre temos mas da pra levar” mentira, principalmente se for empresa privada, vai você se atrever a falar algo de ruim, demissão. Vejo pessoas em sofrimento todos os dias por não poderem ser o que são, atualmente, ate mesmo em uma rede social, importa não sermos quem somos, importa em não publicar pensamentos críticos ou contrários a massa porque sempre tem um dodói que pode se lamentar, importa em não questionar as posições de hierarquia, mas sim importa, publicarmos com quem saímos, o que bebemos, o que dá inclusive, 123 curtidas, 60 comentários e 7 compartilhamentos, podemos publicar até com quem transamos na noite anterior, mas nunca, a forma como realmente pensamos por medo de atingir x, y, z, como se a afetação do outro fosse nossa responsabilidade. Esse é o mundo hipócrita em que vivemos, se estendendo também nas redes sociais, uma rede que foi criada para disseminar discussões a nível respeitoso, diferentes posições e visões frente ao mundo e acabou virando meros compartilhamentos de frases “olha como eu sou bom” e exposições pessoais, porque nenhum outro tipo de posicionamento é aceito por ter sempre um dodói na sua rede de amigos e para, x, y, z voce nao pode ser quem realmente é. Corajosos são aqueles que se expoem, esses sim merecem reconhecimento, os outros, meros compartilhadores da sociedade opressora.